segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
"SubMundo" (completo)
I
Um certo dia resolvi fazer um trato com as estrelas, e pedi para que elas
me dessem do brilho da lua, mas elas só concordariam em me dar se fosse para
iluminar um longo caminho.
Eu então busquei em todos os lugares mas não encontrava
um caminho longo se quer.
Eis que estava sentado pensando se haveria uma longa estrada
para ser caminhada, mas nada parecia querer que eu encontrasse a estrada.
Até que uma luz me chamou atenção, ela era como uma estrela
mas brilhava com um tom diferente, ela era mais próxima, era mais real.
Resolvi me aproximar para ver o que era aquele brilho incondicionalmente lindo.
Quando fiquei lado a lado com aquela Estrela, quis tela só pra mim.
Os dias foram passando e a Estrela estava junto a mim,
era como se eu estivesse sonhando com o mais belo dos sonhos.
Um dia a estrela me levou a um lugar onde ninguém havia ido.
Aquele lugar era incrível, era um lugar tão lindo que nem os sonhos sonhariam
em estar lá.
A Estrela então me levou para um lugar onde não havia muita luz,
a claridade ia sumindo com a distância, chegava um ponto que não dava para ver mais nada.
Era final do dia o sol já estava se pondo, eu resolvi ir as estrelas
pedir novamente para que elas me dessem o brilho da lua.
Elas então falaram novamente que só me daria o brilho da lua se o caminho
fosse realmente longo.
Eu então contei sobre o paraíso que tinha ido, que uma Estrela tinha me guiado,
e disse que havia um lugar do paraíso que não tinha luz, e que a claridade
desaparecia com a distância.
As estrelas então ficaram confusas, pois elas conheciam todos os lugares do mundo
e nunca se quer viu este paraíso que eu estava mencionando.
Depois de um tempo as estrelas me deram o brilho da lua,
e disseram para que eu tomasse cuidado, pois muitos iriam querer estar
neste caminho que eu iria seguir.
Eu então resolvi seguir minha jornada, ir ao paraíso em que nenhum sonho se quer havia chegado.
II
Está vendo? Abra os olhos. E agora, está vendo?
Basta abrir os olhos para crermos que aquilo realmente existe.
Feche os olhos. O que você vê?
Eu vejo o infinito, a galáxia sombria dos meus pensamentos, ela está formada por grandes nuvens fantasmas que desaparecem quando eu tento vê-las.
Estou parado na fronteira que apareceu quando estava caminhando.
O mais engraçado é que eu vejo o que acontece de um lado, só que o outro está meio bagunçado, não sei direito o que está acontecendo.
Um sujeito me dissera que está tendo um confronto, onde o Amor está lutando contra o Ódio. Pelo que eu vejo, o Amor está recuando, procurando a razão,me parece, procurando o que ninguém conseguiu me explicar.
O Ódio está confiante, seguindo em frente com teus olhos abertos, buscando a vingança.
Basta você olhar para ver o desejo dele.
Que curioso é observar esse Amor...
Não entendo porque ele é assim, misterioso e seguro ao mesmo tempo.
O ódio se ajoelhou, me parece que ele se cansou, talvez tenha ficado calmo.
O amor então segue seu caminho de olhos fechados.
III
Ando vendo muitos conflitos nesta jornada, é como se algo estivesse disposto a me desanimar.
Desta vez a Dúvida chegou para o Amor em quanto ele estava dormindo, e começou a sussurrar no ouvido dele com a intenção de que ele tivesse pesadelos.
Não é que está dando certo, o Amor parece não está tendo uma boa noite de sono.
O que será que se passa na cabeça dele agora?
Fui até lá para conversar com a Dúvida.
- Você tem certeza que quer vir aqui? - Disse a Dúvida.
Parei o meu passo e pensei comigo mesmo. Por que querer ir lá? É apenas a Dúvida, ela não tem a informação que eu procuro.
- Talvez, tenha o que você deixou para trás. - Disse a Dúvida.
- como? – Perguntei.
- Lembra-se daquela encruzilhada, onde você passou a ter coragem?
- Sim, me lembro... Mas o que tem? – Quando me dei conta a Dúvida não estava mais lá.
Passei uns dias pensando nisto, não cheguei a nenhuma conclusão.
Está na hora de descansar, pois nos meus sonhos eu me sinto mais perto de você.
IV
Acho que estou tendo alucinações, vejo coisas girando ao meu redor quando me distraio. Nunca vi nada parecido.
Estava parado observando um casulo abandonado. Acredito que ele tenha caído de alguma árvore e o vento o trouxe até este lugar. O que será que se passa lá dentro? Será que está quente? Eu sinto frio às vezes, mas sinto um vapor quente vindo ao meu lado.
Estou a dois dias observando este casulo e ele nem se quer se move, pelo menos é a única vida que eu encontro neste lugar.
Veja! Está se movendo, será que é o vento que eu não sinto? Não... É uma linda borboleta, preta com detalhes vermelhos.
Para onde ela vai, se tudo o que tem aqui é apenas nada?
Comecei a segui-la, embora soubesse de que nada adiantaria e que não haveria outro lugar além deste.
Estava me desanimando até sentir um cheiro diferente. Era bom, meio parecido com flores. Foi o que me veio na cabeça, pois estava seguindo uma borboleta.
Estava avistando um palácio, ele era enorme, mas parecia não ficar muito grande quando me aproximava.
No jardim havia muitas flores. Foi lá que me despedi da pequena borboleta.
Fui me aproximando e sentindo falta de pessoas no palácio.
Entrei e fui para um lugar que me parecia ser o centro.
- Alguém ai?! – Gritei observando ao meu redor. Avistava muitos desenhos nas paredes, não sabia interpreta-los.
- Faz muito tempo que não sinto a presença de alguma outra pessoa neste lugar. – Dizia uma voz feminina vindo de trás.
Era Ela. A minha mente se perguntava o que ela estaria fazendo naquele lugar.
- Ele é uma pessoa que não deveria estar aqui. – Uma voz rouca surgira.
- O que lhe trás a este lugar rapaz? – Ela diz.
- Estava perdido no além e uma borboleta me trouxe a este palácio. – respondi
Logo percebi que a voz rouca era do Medo. Ele estava com um capuz sobre o rosto e se escondia atrás Dela.
- O que você faz neste lugar? Eu andei procurando você por todos os lados. – disse a Ela meio confuso.
- Como assim me procurou por todos os lados? – Dizia Ela.
Ela me parecia ser outra pessoa, uma pessoa que eu apenas admiraria pela beleza.
- Já disse que ele é alguém que não deveria estar aqui. – Sussurrava o medo no ouvido Dela com um tom de raiva. – Você tem medo do futuro? – dizia o Medo.
Logo percebi que tudo havia paralisado, e que nada se movia, era tudo uma ilusão.
- Como? – Perguntei. Logo senti uma brisa fria vindo na minha direção.
- Venho te observando, e percebi que você pensa de mais nos caminhos a seguir. Você tem medo do seu futuro? – Dizia o Medo parecendo não estar com Medo.
- O meu único medo é ter que acordar um dia e ver que tudo foi uma ilusão. –
- Haverá momentos em que tudo desmoronará e seus pensamentos de nada vão valer se você não estiver chegado a nenhuma conclusão. – Dizia o Medo parecendo não ser uma má companhia.
Logo acordei pensando que era apenas mais uma mudança no lugar, pois parecia ser tão real.
Foi apenas mais um sonho que você esteve lá, diferente, mas esteve.
V
Calor é insuportável, bom, passar pelo deserto não é a coisa mais divertida para se fazer. Morrendo aos poucos começo ver coisas, acho que já estou fazendo parte de outro mundo. Espere... Não é coisas, é Ela de novo, só que dessa vez não estou dormindo, estou?
Ela está com um capuz preto indo por outra direção acompanhada com outra pessoa que também está com capuz.
Exausto eu desmaiei e fui acordar com a Ilusão no formato Dela dizendo coisas irritantes.
- Talvez o seu coração não queira o que você busca – Disse a Ilusão desfazendo-se da forma Dela, comendo uma maça.
Aquela maça me parecia ser a fruta mais saborosa que existia. Mas era apenas a Ilusão, um delírio por estar em um deserto.
- Como assim? O que eu busco é o que meu coração quer. – Disse.
- Muitos seguem um caminho e acabam encontrando coisas que não imaginavam encontrar, ou que nunca tinham visto na vida e acabam despertando a vontade de ter aquilo. Só que tem outros casos que o coração o guia para os sonhos, para o conforto. Mas são poucos que chegam ao conforto, pois muitos se Iludem com o que os olhos vêem. Cuidado com o que os teus olhos estão vendo. – Disse a Ilusão acabando com todo o deserto.
VI
Após dias caminhando eu cheguei no final daquela longa estrada. O tempo estava nublado e muito frio. Parecia que não tinham terminado de fazer aquela estrada
Só havia uma casa naquele lugar. A casa era grande, feita com madeira.
Entrei na casa, ao fechar a porta senti um arrepio e alguém me dizendo para sair daquele lugar. Mesmo com esse sentimento eu fui dar uma volta na casa. Não havia nada na casa, ela estava deserta e com muita poeira.
- Pá! – Um barulho de uma porta batendo veio lá de cima no segundo andar.
O medo, a adrenalina logo tomou conta dos meus pensamentos. Fui subindo vagarosamente. As janelas abriram e o vento gelado veio em direção ao meu corpo, me fazendo ficar assustado. Mas logo pensei que teria sido o vento que fez a porta bater. Ao subir as escadas fiquei em um corredor que dava passagem para entrar em sete portas, três à esquerda, três à direita e uma no meio. O corredor era sinistro, tinha um tapete verde com desenhos brancos, ele ia até a ultima porta do corredor. Era uns quinze metros de onde estava até a ultima porta. Caminhei em direção as portas para ver o que tinha dentro dos quartos.
- Levante-se, acorda.- Uma linda voz angelical sussurrou. Paralisei, fiquei em transe olhando para o lustre que estava no centro do corredor, pensando no que aquela voz angelical estava querendo dizer, afinal, eu já estou de pé e acordado. Continuei andando. Abri as seis portas que estava nas laterais do corredor e em todos os quartos não havia nada. Estava indo em direção a porta que estava no meio do corredor. Quando coloquei a mão maçaneta a voz angelical sussurrou novamente.
- Levante-se, acorda! – Olhei para trás para ver se tinha alguém dizendo isto. Não tinha nada no corredor, além daquele lindo tapete e o lustre. Coloquei a mão novamente na maçaneta, mas senti um arrepio que me impediu de abrir a porta. Olhei para trás e vi uma coisa do outro lado do corredor vindo em minha direção.
Parecia um ceifador, era uma coisa negra, sombria, que flutuava com sua capa preta.
Aquela coisa estava se aproximando muito depressa. Quando abri a porta aquela coisa me empurrou, fazendo com que eu caísse no chão, quando me virei aquela coisa estava em cima de mim. Ela tinha uma fisionomia horrível, com uma face deformada toda queimada, teus olhos eram grandes e sua boca tinha muitos dentes finos e grandes.
Em pânico me levantei e me afastei daquela coisa.
- Agora você tem medo de mim é? – Disse aquela coisa com uma voz familiar.
- Há, Há, Há! - Ele dava uma risada sinistra e maliciosa.
- Como assim? Quem é você? – Ao perguntar me lembrei. Era o Medo, que havia encontrado no palácio. Ele veio muito rápido em minha direção e me jogou no chão novamente.
- Medo! – Disse quando estava no chão.
- Sim, sou eu. Prazer em revê-lo – Disse o medo.
- Mas por que está fazendo isso? – Disse.
- Porque você foi um completo idiota por ter vindo aqui. – Disse o medo.
- Levante-se, acorda! – Dessa vez gritava a linda voz angelical.
- Mas como? Quem é você afinal? Onde você está? – Gritei com esperanças de ver uma luz.
- Há, Há, Há, Há, Há! Você acha que vai sair daqui? – Como se não bastasse o Medo agora a Dúvida apareceu.
- Mas o que está acontecendo aqui? – Perguntei.
- Você acha que encontrará o que você procura? – Disse a Dúvida.
Levantei e fui correndo para o outro canto do quarto. Senti uma coisa queimando em meus ombros. – AAAAAAAH! – Quando virei dei de cara com o Ódio saindo da parede de madeira.
- Mas como isso? O que está acontecendo aqui? Eu vi você sendo derrotado pelo Amor – Disse.
- O que você viu foi apenas o nada. Você viu apenas imagens que o seu coração queria ver. – Disse o Ódio.
- Então quer dizer que não existe o amor? – Perguntei.
- Não, não. O amor existe, mas ele sempre enfraquece e acaba morrendo. – Disse o Ódio com muita felicidade.
- Afinal, você nunca viu o amor, viu? – Disse a Dúvida.
- Vamos acabar logo com isso! – Disse o Medo.
Em seguida a Dúvida me jogou no chão e ficou me segurando para que eu não saísse, o Medo ficou me cortando com suas unhas e o Ódio ficou me queimando com tuas mãos.
- AAAAAAAAAHHH! – Eu gritava desesperadamente, e as lágrimas saiam dos meus olhos. Já não estava mais agüentando a dor.
- Levante-se, acorda! – Ouvi a voz angelical vindo bem distante. Já estava morrendo, não conseguia nem pensar direito.
- Onde estou? – A dor, o medo, o frio não estava presente. Não estava vendo nada, estava em um lugar escuro. – Será que estou morto? – Era estranha a sensação de estar naquele lugar, não dava pra sentir nada.
- Levante-se, acorda! – A voz angelical tornou a aparecer. Em seguida comecei sentir algo queimando em meu coração, eu mal conseguia respirar. Ajoelhei-me e coloquei minhas mãos sobre meu peito, agonizando de dor. Avistei uma luz vindo de muito longe, ela estava se aproximando muito rápido e aumentava cada vez mais, o calor em meu corpo também aumentava. Estava com uma sensação de que ia pegar fogo. A luz estava perto. Fechei os olhos para ver se supria a dor, mas nada adiantou.. Quando abri os olhos a luz estava a minha frente e com um piscar de olhos o lugar estava totalmente claro.
- Levante-se, acorda! – Disse a voz angelical.
O meu corpo continuava a queimar era uma dor insuportável.
- AAAAAAAAHHH! – Gritei.
Em um piscar de olhos eu estava deitado com três seres ao meu redor, a Dúvida me segurando, o Medo me cortando e o Ódio me queimando.
Comecei sentir aquele calor insuportável querendo sair do meu corpo.
Aquele calor insuportável saiu como uma explosão trazendo com ele uma luz esplêndida. Em questão de segundos o quarto estava repleto de luz.
O Medo, a Dúvida e o Ódio saíram de perto de mim. Eles se comportavam de um modo estranho, não estavam suportando aquela claridade. Parecia que a luz queimavam eles.
Não agüentando mais ficar exposto a luz, eles foram embora, saindo pela porta.
Quando eles saíram a luz começou a desaparecer vagarosamente. Com a luz desaparecendo eu comecei avistar uma coisa, era Ela. Ela estava em frente a porta com os teus longos cabelos escuros e sua pele clara. Logo pensei que era ela que falava comigo com aquela linda voz angelical.
- Não, não sou que te salvou – Disse ela lendo os meus pensamentos e com uma voz totalmente diferente da voz angelical. A voz dela era horrível, era como um ruído.
- Eu sou o que queria acabar com você. Eu sou os três seres juntos. – Disse ela se aproximando.
Ela ficou frente a frente a mim e agarrou o meu pescoço, me suspendendo do chão.
A mão dela queimava. Eu não conseguia respirar, eu mal conseguia gritar e suas mãos queimavam o meu pescoço, já estava perdendo a noção.
- Abra os olhos. – Disse a voz angelical.
Quando abri os olhos uma forte luz apareceu como um piscar de olhos. Estava avistando algo atrás daquela aberração que estava me matando.
Era Ela. Poderia jurar que era ela. O anjo que falava comigo. Sim era Ela.
O anjo levantou a mão e apoiou sobre o ombro daquela aberração.
- AAAAAAAAAHHH! – Gritava a aberração.
Eu estava livre. A aberração estava se contorcendo no chão. Uma forte luz cobria aquela coisa e ia encolhendo, formando uma esfera. Chegou uma hora que ela desapareceu como uma explosão.
O anjo estendeu tuas lindas mãos para mim.
- Está tudo bem agora. Eles se foram. – Disse Ela com sua voz inigualável.
- O que foi tudo isso? – Perguntei.
- Isso foi o mau querendo destruir o que você tem. – Disse Ela.
- Quem é você? – Perguntei.
- Eu sou você. Eu sou seu sentimento mais profundo, que habita em seu coração. – Disse ela com sua voz linda e suave. – Está na hora de ir. – Disse Ela.
- AAAAAAH! – Gritei. Um barulho muito alto e agudo rodeava o quarto, me fazendo perder o controle. Aos poucos fui perdendo a noção e desmaiei.
Acordei em uma colina, o lugar era perfeito. Todo gramado, dava pra ver o mar de gramas com o vento batendo. O sol estava se pondo e a lua já estava cheia, quase no centro do céu. Eu não me perguntava como fui parar ali, afinal, eu estive no pior lugar que uma pessoa poderia estar e este lugar era o paraíso.
Em uma jornada em busca do Amor eu descobri que ele já habitava em meu corpo. O que eu precisava era somente Dela para que tudo se encaixa-se, mas eu não a encontrei.
Acredito que ela me salvou, acredito que ela está comigo o tempo todo, mas não posso toca-la. Sinto seu calor ao meu redor. Talvez você esteja mais perto do que possa imaginar.
VII
Estou preso em um mundo que a fantasia ainda não chegou, onde os sonhos são jogados para o mundo paralelo fazendo ser somente eu e mais ninguém.
Passaram-se dois anos desde o acontecimento no Submundo, o calor que sentia que jurava que era você passou a ser o frio que me persegue a onde quer que eu vá.
O que é uma vida sem sonhos? Sem a vontade de conquistar algo? Sem a vontade de te conquistar? Onde você está? Estou preso neste lugar há dois anos esperando tua presença, e o que eu vejo são apenas reflexos da sua imagem.
Todas as noites eu vejo uma estrela cadente passando, mas todas as noites eu deixo de fazer um pedido, pois meus desejos estão desaparecendo, já não sei o que é ter um objetivo.
VIII
Após dias e dias caminhando neste lugar monótono onde só vejo montanhas, árvores, lagos e sinto a brisa do vento, me encontrei com a parte imperfeita desse paraíso, algo que eu desejava há muito tempo. Viver no paraíso sem ter alguém com quem você não possa dividir é algo tão desanimador.
Esse lugar é muito diferente, não encontro vida alguma, só vejo montanhas secas e árvores secas. Vejo uma coisa muito longe brilhando, talvez seja mais uma estrela, ou um cometa. Não... é um fogo, com grandes chamas. Isso é incrível.
Depois de muito tempo consegui sentir o calor dentro de mim, quando fecho os olhos parece que você está me abraçando.
Passei dias e dias ao lado daquele fogo, mas esse lugar é meio sombrio, mas todas as noites sinto uma pressão, algo me dizendo para sair daqui. Uma pressão tão grande que um dia não agüentei ficar lá, meu coração estava sendo sufocado, tentava bater mas ele só parava.
IX
Teve um dia que todo aquele fogo se apagou, deixando apenas as cinzas. Quando dou uma passada naquele lugar ainda sinto o calor daquelas cinzas que um dia era uma enorme chama.
Quando sinto o calor, logo penso em você, mas quando penso em você meu coração absorve toda aquela chama que um dia estava acessa, e começa a queimar me deixando fraco a todas as coisas.
Quando durmo começo a rir da vida, mas quando chega nos momentos em que você esteve presente, meu coração aperta, começa absorver o calor daquelas cinzas que um dia era uma forte chama.
Não sei se um dia essa chama vai apagar, espero que um dia ela desapareça, mas deixe as cinzas para que eu possa me lembrar do teu sorriso, do teu rosto, de tua pele, de sua linda voz.
X
Uma coisa inacreditável está acontecendo. Eu estou avistando um enorme portão, ele é dourado, seu brilho radiante ilumina tudo que está a sua vista. São apenas 50 metros, é só atravessar uma ponte e eu estou frente a frente com aquele portão. Mas tudo se desmoronou, a ponte que eu estava se despencou. Uma queda que só consigo ver o fim quando fecho os olhos. O caminho era tão curto, mas nesses 50 metros um sonho foi embora. O melhor de tudo é que estou feliz com essa sensação, sinto o frio batendo em meu coração me dando a confiança de que isso nunca mais irá voltar. Sinto coisas batente em meu rosto, afinal, céu tem areia?
Não agüento mais cair, não está dando certo. Como era aquela dança mesmo? Um passo pra lá, outro pra cá, fechar os olhos me faz sentir os teus movimentos. Você foi à luz que refletiu em meus olhos, mas como todas às luzes que passa pelos meus olhos, você também se foi. Será possível dormir com os olhos abertos? Quando fecho os meus olhos sinto alguém me rasgando com uma lâmina. Embora soubesse que um dia iria cair, não esperava que seria neste dia. Será que estava mesmo preparado? Como seria minha queda se meu coração estivesse quente?
Enfim, um passo pra lá, outro pra cá a vida nos leva para várias aventuras, e o nosso papel é vive-las, deixando a marca para que um dia você passe recolhendo tudo o que aconteceu e juntar, ver todas as aventuras passando com um simples piscar de olhos.
XI
Não sei o que está acontecendo, só sei que não consigo me mover, respirar, sentir e nem ao menos chorar. Preciso de alguém que me ajude a levantar, preciso de alguém que possa me guiar, preciso de você para que eu possa voltar a viver.
Não é fácil passar dias em um lugar onde você não possa desfrutar dele, muito menos em um lugar onde você não está. Você era o motivo da minha inspiração de viver, mas quando tudo caiu e as “lâminas” foram rasgando todas as coisas, você foi cortada em pedaços. Consigo ver os pedaços de você espalhados pelo chão daqui onde eu estou.
Talvez tenha caído um pedaço em cima de mim para eu estar pensando em você.
Estou precisando de você neste momento, talvez você seja a única que possa me tirar dessa deficiência, que possa me tirar deste vazio, deste lugar onde a vida não está presente. Adeus.
“Gabriel Dos Santos Barbosa”
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